Às vezes eu falo com a vida, as vezes é ela que diz
Virei um mestre no que faço e ainda sou aprendiz
Financeiramente pobre, eu sobrevivo por um triz
Reciclando velhos sonhos que um dia um jovem quis
Meu trabalho é desgastante
Quanto tempo ainda tenho? Vejo as fotos na estante
O futuro é tão incerto, meu desejo tão distante
E nesse anseio eu me perco e não aproveito o instante
Eu sei que estive ausente
É fácil dar presentes, difícil é ser presente
Vejo minha irmã crescendo e ela ainda não entende
Mas talvez escute isso e me admire lá na frente
Meu pai saiu de casa, confesso, eu não queria
Ter que assumir a responsa, isso me aborrecia
Frustrado com meus planos, o destino me incumbia
Cuidar de duas mulheres pra cumprir minha profecia
Eu tenho contas pra pagar e muito o que fazer
Não vou me preocupar com o que eles vão dizer
Não vão me alcançar, não vou me abater
E se eu silenciar, vai ser pra rebater o silêncio
Mais otimista que o Clarêncio, atenção
Falta bom senso, as pessoas não conversam
Quase perdi minha fé sob pressão, e a visão:
Elas nem sabem pra qual Deus ainda rezam
Se é o que morreu ou o que matou, ninguém venceu a luta
Se a guerra é santa, a paz é o que? Só uma prostituta
Se isso é um jogo, me desculpa, eu fujo da disputa
Conquista não é soberba, é a mudança de conduta
Não faço hits só pra tocar nas baladas
Prefiro fazer clássicos que toquem suas almas
Ritmo e poesia, à um palmo além das palmas
Pra que me escutem sóbrias, não pra que ouçam chapadas
Tem diferença, saca?